A Diocese de Floresta publicou um documento no qual é feita uma avaliação da Experiência Missionária realizada em seu território no período de 9 a 26 deste mês. A iniciativa da jornada partiu do coração dos bispos da CNBB Regional Nordeste 2, que abrange os Estados de Alagoas, Pernambuco, Paraíba e rio Grande do Norte. Participaram cerca de 100 pessoas, a maioria seminaristas dos cursos de filosofia e teologia, além de 4 religiosas e 1 leigo. Eles vieram de 14 dioceses, sendo 12 do Regional e 2 do sul do país.
O texto assinado pelo padre Gerson Bastos, Coordenador Diocesano de Pastoral de Floresta, destaca aspectos relevantes da missão lá acontecida e traz ainda algumas sugestões em nível regional e local.
Veja a íntegra do teto.
Diocese de Floresta – PE
Experiência Missionária- Regional Ne 2
No período de 09 a 26 de janeiro de 2020, acolhemos em nossa Diocese a I EXPERIÊNCIA MISSIONÁRIA DO REGIONAL NE 2, com a participação de 82 pessoas (78 seminaristas, 03 religiosas e 01 leigo).
Nos três primeiros dias aconteceu um retiro orientado por Dom Esmeraldo, como também a exposição da realidade sócio-política da região e a caminhada pastoral da nossa Igreja Particular.
No dia 12 de janeiro, Festa do Batismo de Jesus, após a missa de envio, os missionários seguiram viagem para 04 de nossas paróquias, com realidades bem diversas ( Paróquia Nossa Sra do Patrocínio em Belém do São Francisco, Paróquia Sagrada Família em Fuga em Carnaubeira da Penha, Paróquia Nossa Senhora do Ó em Itacuruba e Paróquia São Francisco de Assis em Petrolândia). As comunidades destas paróquias acolheram com muita expectativa e alegria a presença destes missionários.
Durante os 12 dias de permanência nas comunidades,famílias foram visitadas, os missionários tiveram conhecimento dos problemas que afetam a vida do povo, também aconteceram momentos de celebração e formação de acordo com a realidade de cada local.
Durante estes dias, 6 missionários que estavam na Paróquia de Carnaubeira da Penha tiveram problemas de saúde devido a não adaptação com as situações locais, tendo que deixar a experiência missionária e retornarem para suas casas.
No dia 26 de janeiro, houve o retorno para a sede da Diocese para um momento de avaliação da experiência, testemunhos e celebração de encerramento.
Daquilo que trouxeram como testemunhos do que vivenciaram destaca-se:
-
Muitos chegaram esperançosos, ansiosos para a missão. Outros vieram por obediência a equipe de formação que os enviou, mas ao longo dos dias de experiência missionária foram percebendo como fez bem vir participar.
-
Alguns perceberam que é preciso devido a realidade das comunidades não burocratizar a pastoral e investir mais na catequese.
-
Os que foram as comunidades ribeirinhas, nas ilhas ao longo do Rio São Francisco, detectaram uma precariedade principalmente no que diz respeito a questões sociais. É uma realidade pobre, porém é marcante a alegria do povo que é feliz com o pouco que tem. Destaca-se também o senso de fraternidade que há no povo das ilhas.
-
As comunidades testemunharam que a presença dos missionários ajudou a reavivar mais a fé.
-
Em muitas comunidades das agrovilas há uma indiferença das pessoas nas questões de fé.
-
Nas agrovilas também existem questões gritantes (falta de perspectiva dos jovens, catequese centralizada na mão do padre e burocratização do acesso aos sacramentos “ ter que participar de 7 missas para batizar”).
-
Os missionários também detectaram uma desumanização no tratamento da CHESF com as pessoas das agrovilas.
-
Nas pessoas/lideranças há um senso de comunidade, e isso foi expresso nos diversos modos de acolhida por parte das comunidades para com os missionários.
-
Há muitas situações de pobreza, mas a simplicidade e acolhimento das pessoas é bonito de se ver.
-
Percebeu-se que a realidade da diocese é plural e que de uma paróquia para outra há contextos totalmente diferentes.
-
A respeito do problema de assitência com mais frequência dos padres às comunidades percebe-se que o problema está nas opções que como igreja nós fazemos.É preciso atitudes de mais saída por parte do clero..
-
O povo deu um show de acolhida para com os missionários, e isso é sinal para nós “seminaristas” colocarmos os pés no chão. (Darton – seminarista de Porto Alegre).
-
Em muitas comunidades há um sincretismo religioso.
-
As novenas é o que até hoje tem alimentado a fé do povo sertanejo.
-
Há uma sadia autonomia do povo em se reunir aos domingos para a celebração da Palavra..
-
Os líderes das comunidades são heróis. São eles que alimentam a fé do povo.
-
O povo guarda viva a lembrança de missionários que passaram pelas comunidades (em Carnaubeira da Penha- o Pe. Paulo Bastos, em Petrolândia- o Pe. Giovanni e a Ir. Jani).
-
Em muitas agrovilas há uma união do povo no que diz respeito a luta no que diz respeito a questões sociais.
-
Vinícius de Afogados da Ingazeira, relatou que estes dias de experiência missionária o ajudou a se abrir para a dimensão missionária fora da sua realidade.
-
Darton, de Porto Alegre relatou que a experiência missionária o ajudou a reforçar uma visão positiva sobre o Nordeste, vendo que o povo nordestino é trabalhador.
Algumas sugestões dadas:
– Sugere-se que o tempo de elaboração de uma experiência missionária para outra seja de 02 anos, e que se reduza o tempo para 01 semana.
– Pensar também na data em que aconteça a experiência missionária. Sugestão de que seja no início ou no final de janeiro.
– Providenciar um Kit para os missionários.
– Ter mais atenção com os missionários que tem problemas de saúde, não colocando em áreas tão distantes.
– Nos setores com maior número de moradores e comunidades colocar uma equipe maior de missionários.
UMA CRÍTICA: a falta de presença do COMIRE, que estimulou a participação dos outros, mas não chegou junto para participar de forma ativa e integral da experiência missionária.
Algumas sugestões para a Diocese:
– Continuar investindo na formação dos leigos, pois são aqueles que estão sustentando a fé das comunidades.
– Instituir o diaconato permanente.
– Pensar num Plano bem elaborado de Pastoral Vocacional.
No final do momento de avaliação, foi lida uma mensagem deixada por Dom Gabriel agradecendo a presença e o testemunho dos missionários. Concluiu-se a Experiencia Missionária com a Celebração Eucarística na Catedral do Bom Jesus dos Aflitos, presidida por Dom Egídio Bisol – Bispo de Afogados da Ingazeira, tendo ainda como sinal da benção de Deus, uma fecunda chuva alegrando o coração do povo sertanejo. Após a missa, a Comunidade Paroquial da Catedral, ofereceu um lanche para os missionários.
Pe. Gerson Bastos Filho – Coord. Diocesano de Pastoral